VedaÇÃo de Respiradores Faciais: a proteÇÃo É eficiente?

 

Durante nossa jornada, pudemos constatar que muitas das empresas que fornecem proteção respiratória aos seus colaboradores, como proteção individual, não realizam o ensaio de vedação dos respiradores utilizados. Isso é muito preocupante, tendo em vista que o respirador é essencial para proteger o trabalhador contra a exposição ocupacional a agentes químicos dos mais diversos, sejam eles gases, vapores tóxicos ou substâncias particuladas dispersas no ambiente de trabalho ou de ar com deficiência de oxigênio.
Ainda é mais preocupante se analisarmos a orientação da Fundacentro – Fundação Jorge Duprat e Figueiredo, uma tradicional e renomada instituição que estuda e pesquisa sobre condições de ambientes de trabalho. No livro: PPR – Programa de Proteção Respiratória – Fundacentro (2016), a orientação é que todo usuário de respiradores com vedação facial seja submetido ao ensaio de vedação para determinar se o EPR – Equipamento de Proteção Respiratória, se ajusta bem ao rosto do usuário e cumpre o papel de vedar a entrada de ar exterior.
A obra trata ainda sobre outros aspectos do PPR, como sua implementação e administração, responsabilidades do empregado e empregador, orientações sobre higienização, manutenção e armazenamento dos respiradores, além de detalhar o procedimento para realização de ensaios de vedação.
Em resumo, a etapa de ensaio de vedação é indispensável devido às características físicas de cada colaborador, que podem ser muito distintas. É por isso que existem diversos modelos e tamanhos de respiradores, os quais deverão ser submetidos ao ensaio de vedação. Somente assim será possível checar se a máscara é adequada ao seu usuário, fazendo ajustes de selagem específicos para cada pessoa, garantindo a completa proteção. 


Como realizar o ensaio de vedação


Existem duas formas de ensaios de vedação protocoladas pela Fundacentro: o ensaio de vedação qualitativo e o quantitativo.
O qualitativo, também conhecido como Fit Test, é realizado com a utilização de um kit de ensaio de vedação. O kit é composto por um capuz, que cobre toda a cabeça do usuário, e sprays com soluções doces ou azedas.
Na primeira etapa do ensaio, o usuário, sem o uso do EPR e acessórios do kit, é submetido a um teste de acuidade do paladar, da sensibilidade ao doce e azedo das soluções. Se confirmado que ele é sensível aos sabores, inicia-se então a segunda fase, que é realizada com o usuário, utilizando o capuz e o respirador, ambos posicionados corretamente. Nesta etapa, ele volta a receber borrifadas com as soluções doce ou azeda, por um orifício que há no capuz, enquanto é estimulado a fazer movimentos rotineiros durante um curto período de tempo. O objetivo é verificar se o usuário continua a sentir o gosto da solução: caso sim, significa que a vedação do respirador não é eficiente, do contrário, pode se afirmar que a vedação está adequada.
Já o ensaio de vedação quantitativo é realizado com o auxílio de um equipamento eletrônico, composto por duas mangueiras de ar. A primeira mangueira gera pressão negativa, mantendo a pressão dentro da máscara do respirador constante, enquanto a segunda mangueira retira o ar adicional que possa vazar dentro da máscara. A medição do ar que sai da segunda mangueira é convertida em um fator que afirma se a vedação do equipamento é adequada ou não.
Seja qual for o método, é recomendado que o ensaio de vedação de respiradores seja realizado rigorosamente a cada 12 meses. No entanto, caso o usuário sofra alguma alteração significativa no corpo, como o aparecimento de cicatrizes na área de vedação e o ganho ou perda significativa de peso, um novo ensaio deve ser realizado.

Só assim é possível uma garantia maior de que os trabalhadores estão sendo devidamente protegidos de agentes prejudiciais ao trato respiratório no ambiente de trabalho. Afinal, é papel dos empregadores agir de forma preventiva, preservando a saúde das pessoas enquanto desempenham sua função ocupacional.